* Tatiana Moura e Sofia José Santos
Hoje, 19 de março, alguns países estão comemorando o Dia dos Pais: Moçambique, Croácia, Bolívia, Honduras, Itália, Portugal e Espanha, entre outros. A data foi institucionalizada em 1910 pelos Estados Unidos, e só recentemente tem sido usada para celebrar o avanço no cuidado da paternidade em todo o mundo. Isso aconteceu, em parte, porque desde que a celebração foi institucionalizada, os papéis dos pais, bem como suas próprias expectativas, passaram por várias mudanças. Mas há um longo caminho a percorrer.
Nos Estados Unidos, na década de 1970, os pais dedicavam apenas 15 minutos do seu dia a tarefas de cuidado com os filhos. Desde 2000, por outro lado, os pais dedicam quase duas horas do seu dia às mesmas tarefas. Essa mudança representa um aumento de 400% do tempo dos pais dedicado aos filhos em apenas uma geração. Mas, apesar dessa conquista notável, há progresso a ser feito.
Atualmente, as mulheres representam até 40% da força de trabalho em todo o mundo, mas os homens ainda estão longe de desempenhar o mesmo nível de trabalho doméstico e de cuidados. Lembre-se: aproximadamente quatro em cada cinco homens em todo o mundo serão pais em algum momento de suas vidas; e quase todos os homens do mundo têm alguma conexão com crianças como padrastos, irmãos, tios, avôs, professores, mentores, treinadores ou simplesmente como amigos. Globalmente, uma quantidade esmagadora de evidências confirma que a paternidade engajada e responsiva e a participação dos homens na vida de seus filhos têm efeitos positivos para mulheres, crianças e os próprios homens; esses benefícios incluem, entre outros, igualdade de gênero, empoderamento das mulheres e não violência.
De acordo com um estudar empreendidas pelo Equimundo e pelo Fatherhood Institute, as políticas de licença-paternidade criariam as condições necessárias para uma paternidade comprometida, influenciariam diretamente o comportamento dos pais e aumentariam a conscientização sobre a importância de uma paternidade dedicada ao afeto e ao cuidado. Na Europa, vários países propuseram mudanças regulatórias positivas sobre a licença-paternidade, tanto no que diz respeito às taxas de reposição salarial quanto à quantidade de tempo alocado para a licença. Em todo o mundo, avanços como esses foram realizados.
No entanto, dentro da crise econômica e financeira atual que afeta grande parte da Europa, esse progresso está ameaçado devido às políticas de austeridade dos governos subsequentes, como cortes de gastos públicos, aumento de impostos, redução da proteção trabalhista e o recuo do estado de bem-estar social. Além disso, um estresse financeiro crescente entre as famílias europeias, diariamente, coloca em perigo o reconhecimento e a proteção desses direitos. Em tempos de crise financeira, evitar a crise de afeto e cuidado é um dos maiores desafios que enfrentamos.
* Tatiana Moura é Diretora Executiva do Instituto Equimundo no Brasil; Sofia José Santos é Coordenadora de Comunicação da Equimundo-Europa.